Sequência didática - Jogo de
Percurso
"Os três porquinhos"
Atividades realizadas
- Intertextualidade:
* Leitura da história "Os três
porquinhos";
* Apreciação de versões da história através
de curta metragens da Disney e de desenhos animados de canais infantis;
* Leitura da versão da história "Os três
porquinhos";
Após a leitura conversamos sobre os
recursos utilizados pela autora para enriquecer a narrativa. Conheceram outras
formas de se utilizar a escrita.
Todos
ficaram encantados com a história e prestaram muita atenção aos detalhes.
Em
um outro momento realizaram uma atividade dirigida e quiseram pintar com as
mesmas cores dos porquinhos desse livro!
* Leitura do livro: "Os três porquinhos
malcriados e o lobo bom";
Após a leitura realizamos reflexões
sobre as versões já ouvidas da história, sobre suas semelhanças e diferenças:
quantidade de porquinhos, tipos de casas, utilização do caldeirão...
Nem
todas as crianças opinaram, de imediato, mas ficaram atentas aos comentários
que estavam sendo realizados.
* Leitura do livro: "Os três
jacarezinhos";
Logo após ler a sinopse as crianças já
associaram a história a sua versão original.
Após
a leitura expuseram as semelhanças e diferenças.
* Contação de história através do avental:
Iniciei
contando, mas depois as crianças assumiram, naturalmente, a narração.
(Crianças imitindo o
lobo soprando a casa)
- Atividades dirigidas:
*Quebra-cabeça;
*Sequência lógica;
*Colagem;
*Pintura;
*Desenho;
*Dobradura.
- Levantamento dos conhecimentos prévios
sobre jogo de trilha ou percurso:
Apenas
um aluno disse saber e conhecer. Ele explicou que viu na televisão que esse era
um jogo que tinha que passar por um caminho.
Apresentei
a eles as minhas trilhas e esse mesmo amigo fez a seguinte comparação:
"Prô é uma trilha mesmo, esse seu jogo parece as linhas do trem, o caminho
que ele tem que percorrer!"
Expliquei
as regras e todos brincaram com entusiasmo.
Repetimos
algumas vezes esse jogo. Todos adoraram!
- Confecção do jogo:
Apresentei
outros modelos de jogo de percurso (sobre higiene e festa junina). Deixei com
que brincassem; com a minha orientação e supervisão.
Depois
dessas vivências, propus que iniciássemos a confecção do nosso próprio jogo de
percurso, que seria sobre a história dos Três Porquinhos.
Fiz
as casas no computador e cada criança coloriu um número.
Sugeri
os textos das casas de avanços e obstáculo e eles concordaram. Me baseei em
pontos fortes da história.
As
crianças também pintaram alguns desenhos para ilustrar o percurso.
Opinaram
sobre como seria a disposição das casas, de como poderia colar.
Em
princípio queriam que fosse "em curva" (como os jogos de percurso que
havia apresentado). Comecei a colocar as casas sobre o papel cartão para ver se
daria certo; eles perceberam que não caberia. Então sugeriram fazer
"subindo e descendo". Tivemos assim a nossa 1ª resolução de problema!
Percurso pronto, a próxima etapa seria a confecção dos peões, mas a ansiedade das crianças era imensa e eles pediam, a todo momento, para jogar.
Um
aluno sugeriu que pegássemos pecinhas da sala e outra amiga completou sugerindo
que fossem nas as cores "vermelho, verde e azul", fazendo referência
as cores dos porquinhos de uma das versões contadas - 2ª resolução de
problemas!
Confesso
que não fiquei muito satisfeita com o resultado final do percurso; achei muito
poluído visualmente. Mas parei de me preocupar quando o primeiro trio jogou.
Eles compreenderam o caminho e ainda reclamaram que não tinha muitos lobos!
Percebi
que o jogo tinha significado para eles, que quanto mais imagens, mais tinha a
participação deles, mais se sentiam "criadores" do jogo.
Alguns
trios jogaram, todos aprovaram o jogo, mesmo sem os peões que planejei.
Depois
dessas vivências encontrei um problema!
Durante
o planejamento da sequencia didática, a minha parceira Daniela Novelli sugeriu
confeccionarmos os peões com garrafas de leite de 1l, já que cada casa seria em
um folha sulfite. Mas, em um outro momento, resolvi diminuir as casas e
realizar o percurso em um papel cartão a fim de utilizar um espaço menor para
jogar e para guardá-lo. Com isso os peões também diminuiriam e utilizaria
garrafas de achocolatado.
Começamos
a confecção após ter feito as alterações no planejamento inicial. Fiquei
satisfeita, principalmente, com o tempo reduzido da construção.
Mas,
enquanto brincavam percebi que teríamos um problema com relação aos peões. Se
mais de 1 jogador caísse na mesma casa, os peões não caberiam!
Primeiro
pensei em alterar os peões por conta própria, mas depois mudei de ideia e
pensei em deixar assim para criar uma situação-problema para eles!
Retomamos
as atividades da sequência, confeccionando os peões e jogando, enfim, com o
jogo completo.
Acompanhei
a jogada do primeiro trio, ansiosa para acontecer o problema que antecipei.
Mas, fui surpreendida pois outro problema surgiu.
Enquanto
jogavam, os peões ficavam caindo. Estavam muito leves. Propus que pensassem em uma
forma de resolver isso!
As
crianças não percebiam, mesmo com a minha intervenção, que os peões precisavam
ficar pesados. Precisei salientar que estavam muito leves e precisávamos
torná-los pesados.
Só
após esta fala uma aluna disse, com muito entusiasmado, que podíamos colocar
pedras para deixá-los pesados! Muitas crianças estão na fase de pegar pedrinhas
no parque para levar para casa. Então, de forma espontânea, saíram da sala e
foram buscá-las. (3ª situação-problema resolvida).
O
engraçado é que vários trios jogaram e não aconteceu nenhuma vez a situação de
cair na mesma casa. Mas, no segundo dia aconteceu; logo na primeira partida!
Um
dos jogadores disse que teríamos que colocar um peão em cima do outro. Testou
sua sugestão e os peões caíram.
Em
seguida, outro jogador pegou os dois peões e arrumou-os de forma que couberam.
Mas aí questionei sobre o que fariam se o próximo jogador também caísse naquela
casa.
Diante
da falta de ideias, propus que criássemos uma regra. Um amigo propôs que
voltasse para a casa anterior, mas uma amiga o interrompeu dizendo que
"assim seria ruim, era melhor ir pra frente"!
Fizemos
uma rápida votação sobre qual seria a regra escolhida e a maioria quis a de
avançar a casa da frente!
Infelizmente
são poucas as crianças que se interessam em pensar e propor soluções, mas o que
tem me entusiasmado é que as crianças que estão participando estão cada vez
mais envolvidas e demonstrando avanços em seus raciocínios.
Acompanhei
todas as partidas e realizei várias problematizações (que número teriam que
tirar para empatar, passar a frente, ganhar) e as crianças respondiam com
rapidez e êxito. Mas me surpreendi com o raciocínio de um amigo (que tem se
destacado desde a sequência didática da amarelinha) ao observar a jogada do
peão que estava na casa 16 e que seria o próximo a jogar o dado. Veja a
situação abaixo:
Perguntei: "Qual número o amigo terá que tirar para ganhar?". E rapidamente ele disse "2"! Fiquei assustada e desconfiada se ele realmente tinha entendido. E ele mostrou com o dedo, que "como os outros estavam na frente, faltavam 2 casas". Nenhuma outra criança argumentou como ele. A maioria disse que se ele tirasse 6 (por ser um número alto) ganharia.
Essa
situação me despertou o interesse em criar uma resolução de problema com
registro pictórico (como a proposta pela professora Elisiane durante a sequência
didática da amarelinha):
"Um
porquinho está na casa 16, o outro na 17 e o outro no 18. Que número o
porquinho da casa 16 precisa tirar para chegar a casa 19?"
Tinha
certeza que a maioria não conseguiria dar uma resposta correta, mas
sinceramente, estava curiosa em ver como esse amigo se sairia fora da situação
concreta e ele novamente me surpreendeu!
Resolveu
o problema mentalmente.Seu desenho não ficou muito claro, mas sua resposta foi
precisa: "Tem que tirar 1 porque as outras casas estão ocupadas!"
Mesmo ele sendo o único a "pensar" na solução, todas as crianças desenharam o jogo. Em todos os desenhos haviam porquinhos. Até mesmo a minha aluna deficiente auditiva compreendeu que estávamos realizando uma atividade do jogo de percurso e desenhou porquinhos!
Dois desenhos me chamaram a atenção, pois as crianças fizeram os porquinhos com formas geométricas, assim como os nossos peões!
Após
todos apresentarem seus desenhos e "explicar" suas respostas na roda,
fiz o problema no concreto.
Antes
de demonstrar as soluções possíveis, um aluno observou o jogo e disse:
"Tinha que desenhar o número 3".
Diante
da sua fala, respondi que ele estava certo, mas que havia mais de uma resposta.
Fui interrompida por aquele primeiro amigo (que acertou no registro pictórico)
que explicou que "os números 1, 2 e 3 serviam"!
Adorei
a experiência!
Encerramos
a sequência didática com o desenho da vivência.
Mais
uma sequência bem sucedida. Estou muito satisfeita com os resultados obtidos!
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